Compota de Pérolas

para barrar na mente

Tuesday, September 20, 2011

Não há dinheiro mas há palhaço

Cada dia que passa vemos mais contas a aparecer.

Há duas caixas que nos trazem uma quantidade de notícias que nos fazem chorar ou rir. Uma é a caixa do correio (onde ainda hoje me chegou correspondência que mais valia ter-se perdido!), outra é a caixa mágica à qual chamamos televisão.
E eu sempre pensei que a televisão, quando foi inventada, foi para nos entreter. Ora os tempos mudaram tanto que a TV começa a ter pouco de entretenimento.
Parece-me que entretenimento é algo que acontece durante um espaço de tempo em que as pessoas estão, claro está, entretidas. Findo esse tempo, as pessoas deixam de estar entretidas e passam a estar ocupadas.
Ora pelo que vejo, as pessoas estão sempre ocupadas. Estão ocupadas a tentar perceber como é que acontece o que acontece. E depois estão ocupadas a discutir o que acabaram de perceber.

O telejornal, que cada vez mais se quer parecer com um programa de entretenimento (com intervalo e tudo, e chamadas de temas que vão ser noticiados dali a alguns minutos), tem o papel mais importante da televisão. Mostrar às pessoas o que se passa no mundo e deixá-las a pensar.

Acredito que eu não seja o único a pensar nisto - até porque não seria viável para qualquer negócio que eu fosse a única pessoa a estar atenta ao que se passa - mas o que vejo diariamente no telejornal é mais qualquer coisa que foi descoberta e sobre a qual ninguém sabia de nada até àquele momento. Claro que já haveria concerteza pessoas a saber do que se estava a tratar, mas as coisas estavam de tal forma escondida que nem as investigações habituais conseguiram descobrir (o que me leva a crer que exista uma grande quantidade de investigadores que deveriam ter escolhido outra profissão).

E outra profissão era exactamente aquilo que eu e mais uns quantos portugueses gostaríamos de ter.
Parece-me que poderia ter tirado qualquer curso na universidade que o resultado seria o mesmo. Profissão: Palhaço!

Eu sempre ouvi dizer: "não há dinheiro, não há palhaço".
Mas o que vejo é que o dinheiro é constantemente uma variável ausente e os palhaços são cada vez em maior número.
Adivinhem lá, apesar de se dizer tudo o que se tem dito e reprovado o buraco das contas na Madeira, quem é que vai pagar mais esta conta?
Serão os Palhaços, nós.
Mais uma vez vamos estar para aqui a brincar ao palhaço pobre e ao palhaço ainda mais pobre, a fazer malabarismos sem rede e a esticar a corda até à exaustão só para que essa mesma corda um dia nos ameace com um nó ao pescoço.

Pensei que os palhaços existiam para nos fazer rir, mas afinal existem para nos fazer pensar.


no copo: mantenho o vinho de Tomar
no iPod: Triptico (Gotan Project)

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